Por que ser vegano - Parte 1

Por que ser vegano? Quando a Insecta nos chamou para falar sobre isso, pensamos logo em sugerir outro tema, esse seria muito espinhoso. Mas a verdade é que precisamos falar sobre o mundo em que vivemos e sobre as coisas que consumimos cada vez mais e para cada vez mais pessoas. Por isso, topamos trazer esse assunto para cá e vamos logo dizendo que essa é uma pergunta daquelas que têm respostas múltiplas e por isso impossível responder em um texto curto e direto.
Pensando nas vertentes mais comuns que levam as pessoas a adotarem um estilo de vida vegano, essa matéria será dividida em três partes: por que ser vegano pelo planeta, pelas pessoas, pelos animais. Vamos começar falando alguns dos motivos que levam às pessoas ao veganismo por questões ambientais e voltaremos aos outros motivos nos textos por vir.
No entanto, antes de qualquer coisa, vale explicar que veganismo, ao contrário do que muitos acreditam, não é apenas uma dieta alimentar. De maneira simplista, veganismo é um estilo de vida, uma filosofia, que consiste em abolir o consumo de produtos de origem animal. Desde alimentação até roupas, remédios, cosméticos e produtos de limpeza.
“Mas não dá para viver sem remédio”. Verdade, não dá, e não precisa. Veganismo, acima de tudo, é ter consciência de que animais são seres sencientes e nós não temos direito de explorá-los. Visto isso, diminuir escolhas originárias de sofrimento animal vira uma necessidade coerente. Pense da seguinte maneira: muitos realmente precisam de remédios para ter qualidade de vida, mas ninguém precisa de um batom testado em animais.
Isso esclarecido, vamos falar sobre uma cota da população que adotou o veganismo mais pelo bem estar do planeta do que pelos animais. Enquanto alguns afirmam que esse posicionamento carece de empatia, a verdade é que é preciso sim de certo nível de empatia para sair da zona de conforto e abrir mão de algo para um bem estar maior e global, como o meio ambiente.
Na verdade, a criação de animais para consumo e a exploração animal causam um impacto tremendo no planeta, o que afeta diretamente a vida de todos nós. O desmatamento da Amazônia e do Cerrado brasileiro mostraram seus efeitos em São Paulo, através de uma seca que ainda está deixando toda a população em alerta. As causas do desmatamento, 75% na Amazônia e 56% no Cerrado, estão associadas à pecuária.
Os dados continuam astronomicamente preocupantes: são necessários cerca de 16 mil litros de água para produzir 1kg de carne, além do que a pecuária bovina é responsável pela emissão de pelo menos 50% dos gases-estufa, principalmente do gás carbônico (CO2) e do metano (CH4). E sabe as temidas e famigeradas monoculturas de milho e de soja? No Brasil, 44% dessas culturas destinam-se a produzir alimentos para os animais da indústria.
Agora que você já entendeu um pouco mais sobre os impactos da pecuária desde o começo da cadeia, vamos falar um pouco de produtos como o couro e a lã. Quando o animal é abatido e sua pele vai virar roupa, seu couro precisa passar por um processo extenso, incrivelmente tóxico e poluente para que o ciclo natural de biodegradação (ou, mais diretamente, apodrecimento) não aconteça. Além de animais, pessoas, rios e todo o ecossistema em volta de grandes curtumes estão morrendo por conta da produção desordenada do couro.
O mesmo acontece para suprir a demanda excessiva por cashmere (um tipo de lã), por exemplo. Os criadores de cabras fazem com que a reprodução seja além do natural, com essa supercriação resultando na devastação de todo o ecossistema local, que, inclusive, é essencial para que as cabras vivam com mais qualidade e procriem. É uma solução de curto prazo para suprir uma demanda insana de consumo. Então, no fim da cadeia estamos nós, consumidores incentivando toda essa devastação ambiental através dos produtos que compramos.
É claro que existem muitos outros números e dados sobre o impacto da produção animal no meio ambiente que por si só são bons motivos para adotar o veganismo. Porém, nós vamos convidar você a refletir mais, assistindo a documentários interessantes que abordam o tema e, obviamente, tirar a conclusão dessa história toda por você mesmo.
Documentários recomendados: Vegucated (2011), Food Ink (2008), e Vanishing Of The Bees (2009), esse último disponível no Netflix.
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