Literatura antirracista: amplie sua lista de leituras

Quando foi a última vez que você leu um livro escrito por uma pessoa negra e brasileira? Recentemente, sucessos como “Torto Arado” e “O Avesso da Pele” têm colocado, finalmente, autores e autoras negras em evidência. Só que o que muita gente não sabe é que a literatura de autoria negro-brasileira é cheia de grandes nomes, grandes livros e não é de hoje.
A luta antirracista passa pela literatura, inclusive pela ficção. Através das histórias contadas nas páginas dos livros, quem lê tem a chance de ver o mundo pelos olhos de outra pessoa. Quando uma pessoa que não é negra mergulha nessas narrativas, tem a oportunidade de conhecer realidades diferentes, construindo assim uma verdadeira educação antirracista.
Se você ainda não leu esses títulos, aconselhamos que coloque na sua lista pra já. E para complementar, acrescentamos mais alguns livros escritos por pessoas negras brasileiras. Começamos pelo básico: o Manual Antirracista de Djamila Ribeiro. Depois, citamos algumas obras de ficção cheias de significados e olhares profundos e necessários para a população negra no Brasil.
Boa leitura!
Autora: Djamila Ribeiro. Editora Companhia das letras
Nas páginas deste manual, que foi vencedor do Prêmio Jabuti 2020 na categoria Ciências humanas, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. São onze capítulos curtos onde a autora apresenta caminhos de reflexão para quem quiser aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Para Djamila, a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos.
Autor: Itamar Vieira Junior. Editora Todavia
Só se fala neste livro, e não é por acaso. Vencedor dos prêmios Jabuti e Oceanos 2020, nos leva para as profundezas do sertão baiano, onde acompanhamos as narrativas das irmãs Bibiana e Belonísia, descendentes de escravizados. A fictícia Fazenda Água Negra, cenário da história, representa a síntese do sertão brasileiro. O passado escravocrata brasileiro que segue presente através de desigualdades raciais, sociais e mesmo de gênero também é representado nesta obra, que também aborda a resistência e a luta dos povos quilombolas e sua ligação com a terra.
Autora: Jarid Arraes. Editora: Companhia das Letras
Vencedor de melhor livro de contos pelo APCA 2019, o livro conta histórias de mulheres da região do Cariri, no Ceará, que não se encaixam em padrões e desafiam expectativas. São contos que misturam realismo, fantasia e crítica social, sempre pela lente feminina.
Autor: Jeferson Tenório. Editora: Companhia das Letras
Vencedor do Prêmio Jabuti na categoria "Romance Literário" em 2021, o livro narra a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. A narrativa aborda temas como o racismo estrutural, nosso sistema educacional falido, relações entre pais e filhos e o luto.
Autora: Eliana Alves Cruz. Editora: Malê
As muitas mulheres negras presentes no romance encontram no lavar, passar, enxaguar e quarar das roupas das patroas e sinhás brancas um modo de sobrevivência em quase trezentos anos de história, desde o Brasil na época da colônia até o início do século XX. A narrativa inicia-se com a comemoração do aniversário de Damiana, após viver um século de muitas lutas, perdas, alegrias, tristezas e principalmente resiliência.
Autora: Ana Maria Gonçalves. Editora: Record
O livro acompanha a história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, conta sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão.
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